Ministério Público afirma que Outorga Onerosa não é imposto e recomenda aprovação do Plano Diretor
Entenda a Outorga e a mentira propagada por parte do setor empresarial da cidadeOutorga Onerosa é instrumento de política urbana, previsto em Legislação Federal pela Lei 10.257, de 10 de Julho de 2001, o Estatuto da Cidade é, juntamente de outros, formas para a regulação urbana das cidades brasileiras. Seu conceito é baseado no princípio de recuperação dos incrementos do valor do solo urbano gerados por ação do poder público e tem um efeito positivo no combate a especulação imobiliária.
A construção do Novo Plano Diretor de Belo Horizonte, fruto da IV Conferência Municipal de Política Urbana realizada em 2014 e que contou com a participação da sociedade, estabelece e regulamenta a aplicação destes instrumentos em Belo Horizonte, exatamente para que se possa combater a especulação imobiliária e o “enriquecimento sem justa causa”. O instrumento pode representar uma desoneração dos cidadãos e da cidade em relação aos impactos causados pelo adensamento construtivo.
Entretanto, mesmo diante de vários estudos científicos que comprovam a importância destes instrumentos e da legalidade de sua aplicação, setores empresariais de Belo Horizonte se colocam contrários a aprovação do plano que beneficiaria toda a cidade apenas para preservar o “enriquecimento pela especulação”. Lançaram a campanha Mais Imposto Não, que mente ao cidadão de Belo Horizonte ao dizer que a Outorga se trata de um imposto e que impactariam nas atividades econômicas.
Esses instrumentos não afetam negativamente as atividades econômicas, causando desemprego ou agravando a crise econômica que o país vivencia. Pelo contrário, buscam reverter processos de injustiça social e territorial causados pela legislação atual, promovendo maior igualdade de tratamento sobre a propriedade urbana. Em decisão de 2012, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a Outorga é considerada, na verdade, uma contrapartida dada sobre o uso dos direitos adicionais de construção, que são um bem público pertencente à cidade como um todo. Ela será usada para viabilizar habitação de interesse social, melhorias urbanas, e outras intervenções importantes.